Não trocaria um sorvete de flocos por você!

Bem, não seria a primeira vez ou a última que alguém fala na grande e verdadeira diferença entre amor e apego. E quando digo amor não me refiro àquele idealizado, com palpitações e borboletas no estômago, nem mesmo ao amor carnal – apesar de a diferença ser bem mais palpável nesse tipo de relação – mas a toda forma de amor.

Poderia dizer que vivemos uma era em que o apego se sobrepõe ao amor, mas não acredito que seria verdade, já que, ao que parece, essa sempre foi a regra, pelo que não se pode dizer apenas do agora. Assim, sem pretender uma verdade absoluta, afirmaria que o apego sempre prevaleceu.

Me explico.

De maneira geral as relações pessoais começam com afinidades, e a aproximação faz com que as pessoas passem a preocupar-se umas com as outras e querer-lhe o bem de maneira individualizada, o bem de “fulano da silva sauro”, e não mais o bem que desejamos a um estranho na rua (ao meno eu não lhes desejo qualquer mal).

É possível que aquelas pessoas se afastem por algum motivo, ou por nenhum motivo, mas o bem que o outro lhe reservava continua sendo seu. Felizmente querer bem é algo que não se esgota, mas só se renova a medida que praticamos.

Vejamos agora as ditas relações amorosas. As pessoas se aproximam, se relacionam, e por vezes o relacionamento “não dá certo” – essa expressão poderá ser objeto de post diverso – e então as pessoas se afastam, se olham na rua como estranhos, estranhos que um dia diziam se amar. Mas, acredito eu, o amor é atemporal, não tem volta – considerando, claro, uma relação de respeito mútuo – amou está amado.

O que quero dizer é que o querer bem genuíno que vem com o amor não passa, querer a felicidade do outro ainda que você não faça parte dela é algo que o amor impõe.

Deixar ir e continuar amando é o desafio que o ego apresenta ao coração! E olha, é um desafio difícil e de vocação diária, que com certeza traz mais benefícios ao próprio amante.

Do contrário me parece que se tratava de apego. Ou seja, gosto do outro enquanto ele gosta de mim, quero sua felicidade enquanto ele proporcionar a minha, quero seu bem enquanto ele me fizer bem.

Isso não era amor, era cilada.

Aquele sorvete de flocos e seu pseudo amor tiveram igual intensidade e extensão, deliciosos enquanto duraram, mas inexistentes após o fim do frenesi.

Proponho, portanto, mais amor por favor e menos apego por obséquio!

A prática do querer bem sem precisar de algo em troca é árdua e absolutamente inconstante – afinal somos humanos -, mas é doce para quem a exercita e acolhedora para quem a recebe.

Mas na verdade eu só queria dizer que eu trocaria um sorvete de flocos por você.

Soulstripper: https://www.youtube.com/watch?v=kP4QHmrBWwE

Carta

Como é que vai a vida guri?

Não sei bem como começar, mas queria te dizer algumas coisas.

De tudo que não deu certo em muito tempo você foi um achado, me ensinou tanto e de maneira tão bizarra que nem eu mesma poderia supor. Não deixaria que ninguém que nos viu por algum momento juntos dissesse “ahh, pena que não deu certo”, por que deu muito certo.

Você me ensinou uma porção de coisas sem nem se dar conta, sem que eu me desse conta, e eu sou grata por isso.

Me  ensinou a aceitar do outro o que ele pode oferecer (algo em progresso), a ter paciência ou te matar (rs), a entender que o outro é sempre diferente de mim e que nas diferenças que não se pode conviver se deve aprender a respeitar, me ensinou a leveza do sorriso, o limite da atenção, sem falar em um certo aprendizado mútuo que não deve ou pode ser descrito aqui, e tudo isso só por que você é absoluta e irritantemente diferente de mim, é o que te fez certo.

Eu te agradeço de coração por isso.

Você é meu projeto que deu certo, minha forma de saber que eu tinha uma teoria plausível, de que querer bem é querer para além de si, querer a felicidade do outro ainda que você não faça parte dela, ou faça em pequena dose.

Não te escrevo isso pra você correr de mim ou correr pra mim, só te digo por que acho que merecia saber que é um guri muito especial e completamente irritante.

Mais que isso, te digo por que um dia você me deixou saber o que pensava – através de um e-mail, lembra? –  então eu acho que também deveria saber o que eu penso.

Eu me expresso escrevendo e mais de uma vez senti sua falta, quando a falta era grande ela escorria pelos meus dedos em forma de palavras. Não só em relação a você, isso já aconteceu outras vezes, mas é o único pra quem vou contar.

E não fica preocupado, que não to morrendo de amor ou vou me jogar pela janela (rs), tá tudo bem, tudo certo, mas pessoas especiais merecem exceções especiais.

Apesar da saudade e do carinho sabemos que algumas diferenças são grandes demais, e que esses sentimentos não seriam o suficiente pra continuar.

Sabemos também que para continuar é necessária coragem, algumas concessões e mudanças que ambos não poderíamos ou conseguiríamos fazer neste momento, assim, continuar não parece opção.

Eu espero que algo em mim tenha servido de aprendizagem para você, que se lembre que um pouco mais de atenção às vezes faz a diferença, que cuidar também é parte de qualquer relação e merece reciprocidade, principalmente na amizade, tenha ou não ela certos privilégios.

Enfim, espero que seja o que quiser ser e espero que queira ser coisas muito boas, que preserve aquilo que tem de lindo e aprimore “seu jeito” naquilo que for necessário, e na medida que conseguir enxergar tal necessidade.

Quem sabe qualquer dia a vida não se encarrega de nos apresentar uma vez mais, quem sabe…

Só mais uma coisa que queria te dizer.

Sabe, eu tenho um carro 1934, ele é velho, a porta range e ele faz barulhos chatos.

Às vezes ele nem quer andar e nós ficamos parados, as vezes demoro a dirigi-lo, mas me conforta saber que ele está lá.

Muitas vezes cabe somente eu dentro dele, mas as vezes isso muda.

Nele eu daria carona pra pessoas como você, até a esquina, para outro estado, ou para darmos a volta ao mundo, não importa, não a distância ou o tempo, somente a passagem é relevante.

Obrigada por ser uma bela passagem.

Te cuida guri, um beijo.

Ps: O que é o amor – https://www.youtube.com/watch?v=EYTdAhU3dmo

 

Sobre ser feliz pela manhã

Acordei e senti no peito o sopro de uma brisa leve e uma paz matinal sem explicação.

Parece que o dia sorri! E bem faz quem lhe devolve tal sorriso, agradecendo por poder desfrutar de suas horas tão novas.

Clichê dizer sobre o milagre da vida ou a dádiva de ter um dia pra chamar de seu , mas vou fazê-lo por que algumas redundâncias são sempre válidas.

Vamos então falar de nuvens. Quando criança, temos o saudável hábito de encontrar diversão e sonhos em tudo o que vemos, utilizamos a mente como uma versátil ferramenta de criatividade e felicidade – algo que deveríamos cultivar ainda na fase adulta, mas, por vezes, esquecemos de tal capacidade.

Bem, uma de minhas preferidas intervenções imaginárias era a nuvem, por um motivo bastante simples: ela podia ser o que eu quisesse! Era só deitar, olha para o céu e um mundo de possibilidade se abria bem à frente dos meus olhos sob a forma de fofinhas almofadas brancas, que poderiam se transformar em castelo ou em selva, bastava o meu desejo e nada mais.

Essa fofura de algodão me permitia ainda mais, poderia eu mesma estar entre elas e pular de uma a outra, e se quisesse chamar os amigos também estaria tudo certo. Quanta felicidade!

Hoje, quando acordo, as nuvens ainda estão lá, e mesmo que eu as esqueça por algum tempo, elas estão prontas a serem novamente minhas parceiras de aventuras em sonhos mais concretos.

O que quero relembrar, é o quão grande é nossa capacidade de sonhar e ser feliz e o quanto todos os dias isso nos é permitido.  Basta abrir a mente e buscar o que os olhos verticais nos proporcionam, a visão acima de nós mesmos, a retomada dos sonhos que nos habitam.

Então viva, pois você tem muito mais que uma página em branco, tem uma folha repleta das mais diversas ferramentas e recursos visuais para pintar ou escrever um dia seu, um dia para sonhar um pouco mais e realizar um pouco mais, buscar um pouco mais e doar ainda mais, um dia pra encher de felicidade não só o seu dia mas o de todos os que lhe querem bem.

     Então seja!

Seja para si, para o outro e para vida, liberte-se mais uma vez das amarras racionais. Sabemos fazer isso desde bem pequenos…

 

PS: Charlie Brown também gosta das nuvens – https://www.youtube.com/watch?v=tyHTD_hMdko

 

 

No meu quarto

Tá um silêncio no meu quarto, nada se ouve.

Aliás, quase nada, por que eu poderia jurar que posso ouvir meu coração bater, não descompassado, nem acelerado, mas forte.

Talvez seja a lembrança dentro dele querendo se mostrar, talvez só a saudade querendo me fazer o bem de se libertar, mas ainda não consigo deixa-la ir.

Poderia jurar também outras coisas, que se eu te beijasse daquele jeito você não conseguiria escapar, que se eu te tocasse você não iria se afastar, que se eu arrancasse essa armadura que você criou ainda veria o mesmo de antes, que se eu te falasse… bem, se eu te falasse já não sei!

Talvez o silêncio do meu quarto continue sendo a melhor opção.

Para falar de algo bom…

Todas as pessoas que conheço sentem!

Poderia afirmar, portanto – parafraseando, com todo respeito, o filíosofo René Descartes – sinto, logo existo. E se não o sentir que nos torna tão humanos, o que mais seria?

Mas sentir é algo ao mesmo tempo universal e subjetivo, pois na forma de expressar tal sentimento traduzido em emoção é possível utilizar as mais diversas formas, ou simplesmente não usar nenhuma.

No meu caso me derramo em palavras!

Nada poderia me traduzir tão bem e levar um pedaço de mim que um texto, uma frase, uma observação. O construir algo em letras que conseguem aliviar dores, compartilhar alegrias, fomentar reflexões.

Se úteis ou agradáveis forem à alguém ficarei muito contente, menos por ser lida que por saber que também outros gostam de traduzir em palavras essa montanha russa de sentimentos que nos invadem diariamente.

Quero, assim, falar de algo bom, por vezes de algo não tão bom, mas que sempre nos enriquece ou nos agrega de forma inusitada!

Mas que seja dito, um sentimento contado sempre vale a leitura…