Sobre bolos e pessoas

Hoje entendi por que estamos separados, meu bem.

Sabe por que?

Fazemos bolo de maneiras diferentes. Sim, bolo!

Me lembro de você na cozinha, sem camisa, depois de momentos em que só o corpo falava e palavras eram desnecessárias.

Começou sua receita: farinha, ovo, açúcar, leite, fermento, e mistura tudo. Sua massa estava pronta, e então era só assar.

A conversa continuava, a cerveja gelava, os corpos se uniam e eu te olhava.

Me lembro, então, de eu mesma fazendo bolo: a clara, batia em neve; a farinha, peneirava;  as gemas, adicionava uma a uma; o fermento não batia, apenas misturava; o forno era pré-aquecido; o recheio, sempre farto.

Minutos e horas separavam nossas receitas, separavam também nossa percepção, meu bem.

Ainda assim, nenhum dos bolos eram ruins, pelo contrário, eram bolos deliciosos e nos faziam saciar a fome e o desejo.

Um dia, porém, você me disse:”Por que não comprou? Teria sido mais fácil.”

Sim, você não entendia o carinho e o cuidado em cada pedaço. As horas raras e caras, mas prazerosamente usadas no preparo, a vontade de colocar na receita um pedaço de si e dar ao outro. Sentia o sabor, analisava o aspecto, era um bolo.

Foi assim meu bem, que entendi o que nos separava, o que nos distanciava, era o seu bolo, o meu bolo , era a forma de preparo da receita.

Ainda acho seu bolo delicioso, e gosto da sua forma de preparo porque é toda sua, e nunca tentou ser qualquer outra coisa. Mas também sei que ainda não entende a minha – fico na dúvida se um dia entenderá.

Hoje eu sei, meu bem, que o que nos separa enquanto corpos é o preparo do bolo, mas o que nos une enquanto essência é o desejo de que a receita seja boa.

E que seja!

Guardo com todo o carinho seus pedaços.

“A arte de correr na chuva”, uma interpretação sobre tomar as rédeas da própria mente

Um cachorro terrier, e uma família!

A arte de Correr na Chuva – título original  The Art of Racing in the Rain – foi escrito pelo autor americano Garth Stein , lançado em 2008, e traduzido em 35 línguas, com vendas que superam os quatro milhões de exemplares, conferindo ao livro posição na listagem dos mais vendidos do New York Times por três anos.

O autor, fã declarado de Ayrton Senna, deixa transbordar no título e nas páginas sua admiração pelo corredor e pelas lições do corredor, além de sua paixão pessoal pelo automobilismo através do personagem narrador, o terrier Enzo. O dono de Enzo, Denny, leva consigo característica do autor, Stein, no que se refere ao conhecimento sobre carros e pilotagem de alto desempenho, para a qual o autor até mesmo possui licença na vida real.

Ai você logo pensa: “poxa vida, mais uma história do tipo Marley e eu”. E você tem dose de razão neste pensamento já que, impressionantemente, obras nesse sentido se multiplicaram após o imenso sucesso do “pior cão do mundo”. Mas você se engana completamente, e não que eu tenha algo contra Marley e eu, a não ser o fato de que não tenho coragem de ler o livro ou ver o filme novamente, pois chorei e choraria outra vez litros com a inevitável partida dessa vida, tema sempre tão complexo, controverso e fascinante, mas que não é o tema por aqui (ufa!).

Mas as coincidências param por ai, Enzo não é nem de longe um cão atrapalhado e arteiro, mas na verdade um cão com alma humana. Assiste Discovery Channel e de lá, através de um documentário sobre cães da Mongólia – que de fato existe sob o título State of Dog –  veio sua maior e melhor informação, a de que cães na próxima encarnação voltam como homens, mas só aqueles que estão preparados, e ele, claro, sente-se preparado. E com essa crença passa a ser um atento observador da vida e das relações humanas.

O contexto da história trata da visão de Enzo acerca da vida de seu dono Denny –  piloto apaixonado por automobilismo, e a busca por seu sonho –, a dramática perda da esposa Eve, e a luta judicial e moral para ficar com a pequena Zoe, filha do casal. Tudo sob o olhar espectador de Enzo, que intercala sua observação com a narração de si mesmo e sua preparação para ser homem, de seu nascimento à velhice.

Interessante notar que há passagens interessantes, que embora aparentemente tratem da visão de um cão, com um olhar mais atento é possível perceber que na verdade o que se pretende é relatar as mudanças no cotidiano familiar. É assim em relação ao namoro e casamento de Denny e Eve, quando esta se muda para a casa dos “meninos” antes solteiros e passa a alterar o cenário e os móveis; ou no nascimento de Zoe que possui toda a atenção e cuidados que Enzo gostaria, toma banho todos os dias, recebe educação, afinal ele queria ser um humano.

Em outra passagem o destaque se refere à presença do selvagem e humano que todos possuem, o que se materializa em Enzo na ocasião da morte de Eve, quando num rompante ele corre pelo campo, persegue e mata um esquilo, liberando a selvageria pela dor da perda que sentia, ele não queria mais ser humano e sentir o sofrimento, queria voltar a ser somente um animal, ele conclui “Fiz isso por Eve”.

Enzo narra seu aprendizado naquilo que lhe foi possível presenciar, já que como cão não lhe era permitido estar em todos os acontecimentos, e ainda como se sente em relação a sua velhice e iminente partida, que encara com um misto de medo, saudade e ansiedade, afinal o documentário dos cães da Mongólia já haviam lhe contado não? E ele não via a hora de possuir dedos, dizer palavras entendíveis e cruzar na rua com Denny para dizer-lhe “Enzo mandou lembranças”.

Mas eu resumiria a grande lição do livro em uma única frase: “seu carro vai pra onde vão seus olhos”, desejando destacar que o que você deseja está a sua frente e na sua mente e que o limite físico que nos impomos encontra superação também em nós mesmos, em nossa determinação . Você é o responsável pelo seu destino, “o piloto comum desiste. Os grandes pilotos contornam o problema”, há um propósito de vida, há uma força intrínseca em cada um de nós.

Sabe, todos os dias cruzamos na rua com dezenas de pessoas, e eu tenho o estranho hábito de pensar “qual será a história dela”, pois sempre há uma história, uma luta, uma lição, e acredito que esse seja a mensagem de Enzo, pode parecer clichê, repetitivo, mas não o é. Algumas redundâncias são necessárias, e o livro o faz com toda a criatividade, acredite.

“Sei algumas coisas sobre correr na chuva. Sei que tem a ver com equilíbrio. Tem a ver com antevisão e paciência”, e lá se foram minhas palavras escorrendo como a chuva.

Quando percebo já fiz um longo texto, que não diz nem metade do que eu gostaria, mas certamente disse o essencial. No mais, espero que Enzo tenha razão e que cães se tornem humanos na próxima vida conservando consigo a fidelidade, a honestidade e o amor desinteressado que lhes são tão característicos, talvez seja essa uma boa solução ao mundo em que vivemos.

Enfim, deixaria como mensagem a seguinte conclusão: pilote seu corpo, controle suas mãos e conduza seus olhos para a direção daquilo que almeja, permita que parte do mundo seja reflexo seu e não somente que você reflita o mundo, corra na chuva, contorne os obstáculo e se fortaleça para um grande destino.

Sobre sentir-se!

Acordei no meio da noite e lembrei de você! Mas lembrei de quem se ainda nem te vi?

Levantei pela manhã e você ainda estava na mente. Fui ao meu café preferido e te senti por perto, mas olhei em volta e vi a mim mesma refletida no vidro.

Estranho andar na rua, correr no parque, patinar, esquiar, velejar, e em tudo sentir alguém que não se sabe a face, mas que existe.

Lembrei da alma gêmea que vi no filme, do amor à primeira vista que aprendi desde a infância, relembrei as histórias de idas e vidas que tanto nos acariciam, e a doçura dos finais tristes que deixam na lembrança somente o lado bom e generoso da história.

Ainda sentia alguém, mas ainda via somente a mim.

E o dia passou… a sensação apazigou, o sono chegou.

Mas quando se sente e se pensa demais o coração não aquieta, e a mente transborda.

Correr é uma boa atividade, permite olhar o céu em movimento, sentir o vento no rosto e a vida nas veias.

Nesse pulsar o lago resolveu me olhar, lhe devolvi a gentileza e me sentei em sua fronte.

De novo aquela sensação, e a quem é que tanto anseio e não vejo? E então eu vi, sempre vi mas não enxergava.

Olhei para meu reflexo no lago e lá estava a pessoa que eu ansiava conhecer todos os dias e que me despertava no meio da noite.

E não se engane pensando, precipitadamente, em narcisismo, não é do que se trata. Vá além do comum.

Olhar a si mesmo e querer conhecer-se não é senão a felicidade do caminho, afinal quem além de nós se atura todo o tempo? Quem além tem a difícil missão de ser bom para si, para, assim, ser evolução para o mundo?

Então se você sentir o que eu senti sorria, e aproveite para tornar-se melhor naquilo que for necessário, afinal, sem escolha viável, será sempre e todo você e você.

Então, e apesar de clichê, seja a melhor versão de si mesmo.

E depois, cheio de si e pronto para doar-se, vá encontrar as pessoas que lhe transborda. Afinal, como já bem dito, “happiness in only real, when shared”!

Entre amigos e “tombos”

Verdade seja dita: toda história tem dois lados!

E , se me permite, consigo pensar em poucas coisas que não possuem no mínimo dois lados, talvez a água e o fogo, mas acho que caberia discutir um pouco mais, o que não vem ao caso.

Falo sobre isso pra lembrar com carinho os “tombos” da vida, sejam aqueles na lama, fruto de um escorregão com um amigo ou aqueles da vida, ensinamento que doi e presente que alavanca.

Caímos tanto, tantas vezes e de tantas maneiras que, fragilmente, chegamos a pensar se o nosso lugar é no chão, sentimento estranho que transborda a alma pelos olhos.

Em momentos como este é certo que uma luz irradia à sua frente, ela se chama AMIGO.

O abraço forte, o colo quente, o choro consolado, a alegria multiplicada, a família compartilhada, a comida dividida, as brigas reconciliadas, o dinheiro emprestado, o puxão de orelha, o ensinamento mútuo, o anjo da guarda sem asas, a peste que te atormenta o dia, o segredo escondido, o apoio dos sonhos, e tanto mais, seja com a presença ou à distância, com palavras ou com olhar, com silêncio ou com música, com a mão ou com o toque da alma.

E com eles a paz imensa e momentaneamente eterna de saber o quanto se é amado, que jamais se estará sozinho, que não há maior riqueza na vida que o amor gratuito, o perdão concedido, o riso dado em horas de ócio criativo, em noites de filmes horríveis e inesquecíveis, na foto fazendo careta ou naquelas de sorrisos verdadeiros e que marcam momentos importantes ou um momento qualquer.

Os tombos da vida costumo pegar pelas mãos, ter uma séria conversa com ele para que não volte a se repetir, ele me conta seus motivos, eu apreendo bem o que me diz.

Ele então vai para a máquina de transformação chamada coração, e de lá sai renovado, como lembrança não do momento em que caí, mas do instante em que alguém me deu a mão, ou pacientemente esperou que eu pudesse levantar e se sentou ao meu lado, extraio também todo o respeito para não repeti-lo com outras pessoas. Olho para o tombo com carinho e lhe agradeço, ele me faz maior do que eu jamais imaginei ser e ainda me mostra os meus.

Ao amigo, dou parte do meu coração, deixo parte de minha alma e levo comigo todo amor que houver nessa vida nos mais diversos formatos.

E se um dia os olhos não mais puderem mostrar os amigos uns aos outros, eles ainda estarão lá, parte do outro que se tornou por escolher ficar e rolar na lama, ou correr na chuva ou ficar em silêncio no banco do parque.

Um amigo É! E se o estar é momentâneo, saiba que o SER é eterno…

Não é que eu goste de você

Não é que eu goste de você, mas às vezes meu sorriso é teu.

E desde o dia em que meu sorriso encontrou sua cara amarrada ando cantarolando, caminhando como quem dança, olhando para a vida como quem nela enxerga uma beleza a cada esquina, brincando de ser leve, esquecendo de ser tensa.

Mas não é que eu goste de você menino, só que tempo em quando meu sorriso é teu.

Ando mais eu e menos mundo, sentindo a brisa do tempo e aproveitando cada segundo, ando menos cautelosa com meu órgão bombeador de sangue, fechando os olhos da razão pra confiar na intuição.

Ainda assim, não é que eu goste de você, mas hoje ao menos um sorriso é teu.

Talvez eu não goste mesmo de você, mas certamente gosto de nós.

E não me leve a mal, não é que eu te queira pra mim menino, não quero. Peço somente o calor das horas de que pudermos dispor, e então seu sorriso será meu.

Ando descobrindo que posso ser absolutamente sua e completamente minha, que posso te ter por inteiro sem lhe arrancar um pedaço que seja, que posso ser seu prazer sem limites, que café e cerveja formam uma combinação estranhamente deliciosa.

Só pra você saber, não é que eu goste de você, mas por enquanto e sem até quando, se você quiser meu sorriso será teu, leve de brinde o corpo e faça voar a alma…

Sobre deixar ir…

Hoje, como tantos outros dias, me peguei pensando na incrível capacidade de deixar ir. O apego tornou-se tão natural em nossas vidas, que a dificuldade em remar no sentido contrário está em toda e qualquer modalidade, seja naquele casaco velho, o salto descascado, o livro que você já leu ou (pior) aquele que você não tem a menor pretensão de ler, aquele amigo/amor que não encaixa mais.

Pois é, vou te contar um segredo: tudo o que vai só leva um pedaço teu em abstrato, assim como deixa seu legado apenas em lembranças, mas de fato você continuará inteiro, seja lá o que tiver de partir.

Clichê, repetitivo e sabiamente reiterado, insistimos em manter nas nossas vidas formas que não lhe cabem mais, e não cabem por que na perfeição do caos humano  a mudança nos brinda com seus mais diversos sabores.

Nós mudamos, o outro muda, e nesse jogo de “lego” que aceita peças em formatos, tamanhos e cores diferentes, algumas peças, mesmo com aceitação de tamanha diversidade, não se prendem mais, seja por serem absolutamente diferentes ou completamente iguais, seja por que os caminhos são sinuosos, ou simplesmente por que a minha vó precisa que eu a leve ao jiu-jitsu. Não importa, é o momento de partir e deixar ir.

Não é autoral, li em um texto (Link ao fim do texto) e vou repetir com minhas palavras, como gravei para levar para a vida. Existe uma diferença, ao mesmo tempo gritante e sutil, entre viver das pequenas coisas e viver de coisas pequenas. A primeira trata da generosidade de compartilhar momentos cotidianos e lembrá-los com carinho pelo simples fato de tê-lo dividido com alguém especial – amigo, amor, família, etc -, enquanto que viver de coisas pequenas trata daquelas vezes que aceitamos do outro uma migalha de atenção, na tentativa de que aquela faísca possa ser cuidada e (re)virar fogo, o que não vai – todos já sentiram, e aqueles que não é provável que ainda sintam um dia.

Vivo das pequenas coisas, abandonei as coisas pequenas!Na verdade busco a prática do deixar ir todos os dias, e, mais importante ainda, cultivo no amor aquelas que escolheram ficar.

E quer saber? Ambas as práticas são libertadoras, renovam corpo e alma e iluminam os olhos, permitem voar, e aprender o quão tristonha seria a vida caso as aventuras nos fossem tolidas.

Então voe, vá, viaje, ventile, vença, varie, veja… isso só usando a letra “v”, imagine então o que o alfabeto inteiro lhe reserva.

Link: http://www.entendaoshomens.com.br/esta-e-a-sua-despedida-da-minha-vida/

Me apaixonei por Ela

Flertei com a vida e ela me roubou um beijo.

Sem perceber e em segundos, por ela me apaixonei.

Ai de mim que agora onde vou não me contento com o passar das horas. Quero sentir o tempo e viver o tic tac do relógio.

Disse a ela que precisávamos discutir a relação, afinal tanta paixão assim não me deixava o peito quieto.

Perguntei-lhe:

“Vida minha, por que me fazes sentir paixão, esse tumulto sem fim que anseia por maiores chamas? Ouvi dizer que o amor é calmaria, será então que não lhe amo?”

Como quem já tivesse ouvido aquelas dúvidas por todos os tempos ela sorriu, aquele riso sorrateiro de canto de boca, me olhou na alma e respondeu:

“Menina linda, está sentindo esse tumulto dentro de ti? Paixão não lhe fiz sentir, ela já existia, apenas foi despertada pelo meu doce beijo. O amor, meu confidente, se pronuncia em cada olhar que tu dedicas, no brilho dos olhos, na leveza do toque.”

Ah vida minha, eu poderia ainda lhe dedicar horas de conversa, mas você tinha pressa – afinal, ciente de sua brevidade – e se despediu.

Deixou em mim confusão e saudade, e a certeza de que a felicidade que me trazia na paixão de seus segundos deveria ser a busca de todo dia.

Sem mais, ela me aconselhou “Menina linda, vá viver!”.

E eu fui…

O meu (não)sentido em você

Sinto sua falta em tantos sentidos que às vezes perco o sentido do que penso.

Sabe aquela vontade de te dar meu tempo, te entregar meu corpo e te deixar desvelar minha alma? Eu tenho.

Eu tenho aquele gostinho de quero mais um minuto, que na verdade é mais uma hora, quem sabe seja uma vida.

Penso em você só mais um pouquinho no meu edredom, e um tanto a mais no meu riso, um “tantinho” assim no meu sofá e inteiro no meu mundo.

Sabe como é guardar alguém bem dentro de você mesmo sem querer e sem saber como “cargas d’água” ele foi parar lá? Eu sei.

Então vem aqui do meu lado, na minha frente, no meu ouvido, na minha boca, que eu te transmito tudo isso por um beijo, te cedo tudo e sei que ainda me restará o dobro.

Talvez seja esse o seu efeito em mim, o de multiplicar.

Então chega mais perto e multiplica meu sorriso nos olhos, meu suspiro escondido.

A roupa por favor não multiplique, nem a sua nem a minha, o receio e o engodo a gente também deixa de fora, vai ser só a gente.

Os tantos sentidos que me faz sentir, é mistério que se desvenda junto, então fique perto, o mundo real a gente pensa só depois…

Sobre tipos de saudade – 1. Aquela que aperta o peito e faz doer

Vai lá, fala pra ele, fala por mim.

Conta pra ele que nenhuma conversa é tão interessante como a nossa, que nunca fez tanta falta falar qualquer besteira.

Que em nenhum outro momento palavras poucas me arrancaram sorrisos tão involuntários.

Que a ausência que me causa ninguém preenche.

Vai lá fala pra ele, fala por mim aquilo que eu não posso dizer, que se eu pudesse ainda lhe contaria como meu dia foi normal, ainda o ouviria dizer o quanto o teu cenário te completa, ainda ouviria teu silêncio, ainda esperaria seu singelo boa noite.

Vai lá, conta pra ele o que eu não conto, o que não contei quando me era possível.

Que seus olhos me hipnotizam, que suas mãos me impressionam, que teu corpo se encaixa no meu como se fosse pra ser meu, só meu.

Vai lá e fala pra ele que meu beijo quente não esquenta mais, que minhas mãos macias não encontram o afago, que meu abraço terno era exclusivo dos seus ombros.

Conta pra ele que ninguém me contesta de maneira tão gentil, que ninguém me ensina de modo tão gratuito, que ninguém me ouve com ouvidos tão abertos.

Mas acima de tudo, vai lá e fala pra ele que a saudade me presenteia, que a falta me acompanha, mas que eu viveria tudo outra vez.

Vai lá e agradece por mim a chance de ter contemplado sua presença doce, suas palavras sinceras e seu medo de menino.

Conta pra ele que ele é único e que isso é só dele.

Fala pra ele que a distância ainda me dói, mas só por que tive a sorte de senti-lo perto.

Fala que eu “to” aqui, ainda estou aqui, mesmo que ele não saiba…

Não mais que um minuto

Você tem um minuto pra voltar

Voltar a ser criança, a ser alegre, a ser leve.

Voltar a separar, a conjugar, a agregar.

Voltar e ser de novo, ser “o novo”, ser mudança.

Voltar a sentir o vento, curtir a brisa, sorrir pra vida.

E se um minuto é pouco, encare de outra forma.

Você tem um segundo pra deixar.

Deixar a dúvida, a mágoa, a culpa.

Deixar de controlar, de se privar, de não viver.

Deixar de pensar, de querer entender, de postergar.

Deixar de não deixar ir, deixar de querer ficar onde não lhe cabe mais.

Então deixe e volte e deixe novamente, e pratique a novidade diariamente.

Que se a vida é efêmera que ao menos seja sentida, que seja esgotada, seja simplesmente vivida.